quarta-feira, 9 de março de 2011

Teatro Atual x Teatro de Revista


O Brasil foi inundado por espetáculos musicais, nos teatros vemos montagens brasileiras de peças apresentadas na Broadway, geralmente traduzidas e montadas exatamente como as originais. Essa onda fez com que a platéia teatral do Rio de Janeiro e São Paulo, principalmente, crescesse. Isso é ótimo, observando por este ângulo.

Outro gênero que se tornou popular foi a comédia Stand up. Muitos atores aderiram ao rótulo para colocar seus esquetes cômicos.

Esses gêneros viraram 'populares'. O que os brasileiros não sabem - ou fingem não saber - é que fizeram parte de um gênero que já foi popular a tempos atrás (meados do século XX), no auge do teatro no Brasil, o Teatro de Revista.

A primeira peça do gênero encenada no Brasil foi "As Surpresas do Sr. José da Piedade", de Justiniano de Figueiredo Novaes. A apresentação aconteceu em 1859, no Teatro Ginásio, no Rio de Janeiro. O teatro de Revista revelou inúmeros talentos como as vedetes, uma delas, a mais conhecida internacionalmente foi Carmen Miranda (cantora luso-brasileira, citada como identidade do Brasil entre 1930 e 1950), teve personalidades importantes como: Dercy Gonçalves, Marly Marley, Carmem Verônica, Wilza Carla, Elvira Pagã, Íris Bruzzi, Leila Diniz, Marília Pêra, Oscarito, Grande Otelo (Othelo), entre outros. Revelou também compositores como Dorival Caymmi e Noel Rosa.

Dercy Gonçalves, em apresentação.

O teatro de Revista é derivado dos vaudevilles parisienses, que eram comédias teatrais, acompanhadas de pequenos coros. Os personagens geralmente se envolviam em situações equivocadas que iam evoluindo em seu traço cômico conforme a peça se desenrolava. O autor pouco se aprofundava no aspecto psicológico dos personagens. Ele foi, inclusive chamado de 'teatro rebolado' por conta do uso da exposição da nudez e danças sensuais, esse estilo teatral não tinha texto rígido, ou seja, haviam improvisações constantes de acordo com a atualidade (assim como são construídos os textos do Stand Up). Esse tipo de teatro durou muito pouco, exatos 111 anos, mas foi nesse período que o Brasil construiu sua identidade.



Um gênero que produziu milhares de peças, centenas de canções e revelou muitas dezenas de escritores, compositores, comediantes, atores e atrizes. Os teatros onde brilharam foram quase todos demolidos.


O espetáculo não pode parar...
...é possível perceber referências à estética do Teatro de Revista na produção cultural brasileira da segunda metade do século 20 até os dias de hoje.


Teatro - Grandes espetáculos musicais, repletos de dança e sensualidade são derivados do Teatro de Revista em sua última fase, quando as vedetes imprimiam sensualidade ao espetáculo
. São inspirados nessa fase musicais como Chicago e Não Fuja da Raia, protagonizado pela atriz Cláudia Raia nos anos 90.

Cinema - O cinema brasileiro dos anos 40 absorveu características do gênero, como os quadros musicais e a sátira política. Foi para onde migraram artistas de destaque, como Grande Otelo e Oscarito, que viriam a ser os astros das chanchadas produzidas pelos estúdios Cinédia e Atlântida.

Carnaval - Os desfiles de escolas de samba no Carnaval têm em comum com a revista o caráter grandioso, a sensualidade, a estrutura narrativa em forma de quadros (as alas) e as alegorias - personificação lúdica de entidades fantasiosas.

Televisão - A partir dos anos 70, os artistas do Teatro de Revista e das chanchadas passaram a atuar em programas humorísticos na televisão que mantinham a estrutura cômica dos quadros e os tipos caricatos. Ainda durante muito tempo foi possível ver Grande Otelo, Zezé Macedo e Walter D’Ávila em programas como Escolinha do Professor Raimundo e Zorra Total, da Rede Globo, e A Praça É Nossa, do SBT. Além dos humorísticos, as telenovelas também beberam nessa fonte. É o caso, por exemplo, de Sassaricando, exibida em 1987 pela TV Globo, escrita por Silvio de Abreu e dirigida por Miguel Falabella, Ceil Thiré e Lucas Bueno. A música de abertura, Sassaricando, composta por Candeias e Jota Júnior, fez enorme sucesso como parte da trilha da peça Eu Quero Sassaricar, de Walter Pinto.


Vamos ao teatro! | Foquemos no brasileiro!


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